Na minha infância e adolescência tudo o que eu queria era ficar de castigo porque estava com notas ruins. Quando os pais dos meus amigos viam que eles tinham tirado notas vermelhas era pelo menos uma semana sem assistir televisão. Para mim, aquilo representava uma forma de amor. Mas o problema é que meus pais nunca olhavam os meus boletins. Meu pai estava sempre preocupado demais com os negócios dele e minha mãe com a escolinha dela. Mas eu precisava vencer e, nem por isso, repeti de ano. Sempre estudei em escola pública, passei por muitos períodos de greve, o que prejudica qualquer estudante.
A faculdade
A opinião do meu pai era a que sempre valia. Para um homem que venceu mesmo tendo apenas a sétima série, estudo não era o principal. Meu pai sempre dizia que era pra gente trabalhar. Eu ainda estava cursando o segundo grau quando fiz aquele teste vocacional para me dar uma orientação em qual área seguir. Não me ajudou muito. Foram mais de dez opções, entre elas as duas únicas que meu pai aceitava: administração e direito - para ajudá-lo no escritório. Fui contra, não sei se é porque já fazia teatro há alguns anos, mas meu coração pediu a área de comuniçação. Passei em Jornalismo, na Fumec.
Durante os 4 anos de curso ouvi a mesma coisa: "Você vai ser é vendedora de jornal". Estudava pela manhã e, TODOS OS DIAS, quando chegava na imobiliária para trabalhar era bombardeada com um discurso totalmente contra o que eu estava fazendo. Meu pai nunca aceitou o meu curso, já sabendo que seria uma carreira difícil, mas ele me humilhava demais. Por várias vezes disse que era curso de lazer! O problema é que eu apenas complementava o valor da mensalidade, era ele quem bancava quase tudo.
Também contei demais com o apoio das minhas irmãs. Muitas vezes tinha apenas o dinheiro para ir para a Faculdade. Lá, arrumava com as amigas para voltar. Não me esqueço da Wanúbia, Maria Tereza, Fernanda, Alessandra, Roberta... Tinha medo de pedir para o meu pai. Precisava sair de casa todos os dias às 5h30 da manhã para chegar na faculdade no horário. Pegava dois ônibus e metrô. Foram quatro anos de muito sacrifício. Durante todo esse período ainda convivi com o meu pai no escritório gritando comigo na frente dos clientes, me chamando de 'mobral' e por aí vai.. isso se repetia com todos meus irmãos.
Faculdade trancada
Não aguentei. De tanto o meu pai implicar com o curso, acabei desistindo. Tranquei no quarto período e entrei para a Escola Técnica para tirar o Creci - é o registro do Corretor de Imóveis. Fiz seis meses de curso e sai do setor de aluguel passando a trabalhar com venda de imóveis - coisa que eu nunca soube fazer. Não queria voltar para a faculdade, já que as implicâncias por parte do meu pai haviam acabado, mas como sempre meus tios Alaor e Roseli não me deixaram desistir.
A continuidade do curso
Foi com a retomada das aulas que descobri que estava no caminho certo. Com o professor Getúlio Neuremberg descobri os encantamentos do rádio. Com a professora Letícia Renalt tive certeza que meu futuro seria na TV. Lembro que ia até o laboratório pedir ajuda aos técnicos para fazer sempre além do que a professora tinha pedido. E foi na faculdade que fiz o meu primeiro portfólio com reportagens e apresentações no estúdio. Ali estava nascendo a jornalista Regiane Moreira.
Término do curso
Imagine como é terminar um curso de jornalismo sem conhecer nenhum jornalista. Foi isso que aconteceu comigo. Estava nos últimos meses e sem saber o que iria acontecer quando as aulas terminassem. Um belo dia meu pai chegou no escritório e me pegou estudando, lendo um livro da faculdade. Foi a gota d`água para ele me demitir e minha carreira ter início.
Oi Regiane, estudamos tanto tempo juntas e não sabia de sua história. Imagino o quanto deve ter sido difícil... Mas bola pra frente, você é forte e ainda vai ter muitas alegrias pra comemorar!
ResponderExcluirFico super feliz quando te vejo na TV, grito todo mundo da minha casa "vem ver, a menina da minha sala!" Todo mundo ja te conhece aqui em casa. hehehehhe
Fia, sucesso pra você e quando aparecer em Ouro Preto, me avise pra gente encontrar. Bjim, Lícia
Rê,
ResponderExcluirfiquei realmente emocionada quando li este post.
Também nunca me esqueço do nosso primeiro período da faculdade de Jornalismo.
E guardo com muito carinho uma carta que você me mandou quando eu tranquei a faculdade.
Te admiro e te adoro!
Beijos,
Fê Avelar
Regiane,vc não tem um avõ ou bisavõ de nome João Moreira natural de Candeias MG?, pois vc tem traços que me recorda os Moreira de lá,meu nome é Mário Moreira,sou de Candeias mas resido em Uberlandia mg,e li toda sua história e que história...
ResponderExcluir