Sempre que encontro com alguém que está lendo o blog surge uma nova sugestão de post. Conversa vai e vem e uma série de lembranças surgem. Graças a Deus hoje consigo conversar sobre o passado sem aquela dor no peito. Queria, mais uma vez, deixar claro que quero apenas dividir um pouco das coisas boas e ruins que já vivi com as pessoas que gosto. De forma alguma quero julgar as pessoas citadas em cada relato. Até porque tudo já foi superado. Mais a frente vou contar que meu pai e minha mãe são outras pessoas hoje. Agora, conto mais um capítulo da história sobre a separação dos meus pais.
Uma estranha dentro de casa
Minha mãe tinha a guarda dos filhos, mas morávamos com o meu pai. Meu irmão mais velho, Robert, já havia se casado quando nos mudamos para um imóvel de três pavimentos. Apenas eu, meu pai e minhas três irmãs. Ele era muito confortável. Eu tinha uma suíte só para mim, mas não tinha paz. Meu pai não podia nos ver à toa, assistindo tv, descansando... Além das brigas por nada, quase todas as noites meu ele aparecia com uma mulher diferente, uma nova garota de programa. Como ele só chegava de madrugada, a gente nunca sabia o que encontrar. 
Mas meu coração parecia adivinhar o que estava acontecendo. Sempre que estava desconfiada, saía do quarto cedo e me escondia num cômodo da casa. Minhas irmãs já estavam a caminho da escola quando meu pai saía do quarto. Eu entrava e começava a tirar satisfações com a mulher. Dizia que aquela era uma casa de família, que ela não podia fazer aquilo com a gente... mas de nada adiantava. Quase perdi o semestre na faculdade devido as faltas. Nós falávamos para o meu pai que ele podia ter a mulher que quisesse, mas não precisava levar para a casa. Comecei a perceber que quanto mais discutia com o meu pai, mais ele me afrontava. Decidi fingir que não estava acontecendo nada. Acho que foi a melhor coisa.
Cobrança de aluguel
Não sei o que passava na cabeça do meu pai naquela época... Um certo dia, quando a atual esposa dele já morava com a gente (acho que ela não tinha nem 20 anos), meu pai decidiu cobrar aluguel da casa que é dele. Queria que nós quatro pagássemos ainda água, luz e empregada. É claro que não gostamos da ideia, pois ele não tinha problemas financeiros e fazia aquilo para nos mostrar o quanto era difícil manter uma casa. Mas, como iríamos juntar dinheiro e ter uma vida melhor se nem o nosso pai podia nos ajudar? Bom, eu e minhas irmãs decidimos que se a esposa dele também ajudasse nas contas não haveria problema algum, mas ele não aceitou. Optamos então por sair de casa.
Nova vida
Eu era a mais velha, mas a única que não tinha emprego fixo. Como estagiária da Assembleia Legislativa de Minas ganhava apenas R$ 217,00 por mês. Tirando a passagem, não sobrava nada. Com a ajuda do meu tido Alaor alugamos um apartamento pequeno e compramos os móveis numa daquelas lojas que dividem de várias vezes. Lembro que cada colchão custou R$ 99,00. Bastava uma noite e ele ficava todo deformado, assim como nós. 
Improvisamos um cabideiro para colocar as roupas. Outras ficavam numa cômoda que ia despedaçando aos poucos. Tudo era de uma qualidade muito ruim. As minhas três irmãs ficavam por conta das despesas e, como eu não podia ajudar, era a responsável por limpar a casa e fazer a comida. Naquela época ainda fazia faculdade e estágio. Foi um período de amadurecimento. Vimos que não era mole ser 'dona de casa'. Minha mãe passou a ter mais contato com a gente, mas meu pai dizia que não tinha filhas. Mesmo assim, vez ou outra eu ia até a casa dele buscar um livro, uma roupa que havia ficado por lá... Era tudo muito gelado! Ao contrário de hoje, graças a Deus.
 
 
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