A chegada do meu pai
Às vezes com marcas de batom, outras com perfume de mulher. A desculpa era sempre a mesma: "Estava mostrando um imóvel". O pior é que ele costumava chegar de madrugada. E minha mãe ficava lá, o tempo todo, dizendo que aquele seria o dia. Lembro perfeitamente que virou rotina. Quase todas as vezes era eu quem ia separar as brigas. 
As agressões
No corredor eles se debatiam e me jogavam na parede. Um queimava o outro com ferro, com água fervendo. Meu pai usava o cinto para se defender e batia na minha mãe como se ela fosse uma criança. Criança que não podia ver uma faca no momento de raiva. Todas as noites eu e meus irmãos tínhamos que esconder todos os talheres temendo uma tragédia. Quando não era possível, minha mãe dormia com uma faca debaixo do travesseiro. Numa noite ela jogou um faca com tanta força que, por sorte, pegou de raspão no meu pai e só foi parar na parede. Imagine como ficava a cabeça e o coração de cada um de nós? Na época tínhamos aproximadamente 17, 15, 13, 12, 9. O mais difícil era que depois de todo um escândalo, muitas vezes com polícia e muitos vizinhos no meio, eles iam para o quarto e ficavam numa boa. Nós, tínhamos que levantar cedo e ir para a escola. 
Na escola
Todos sabiam da situação e os professores não nos cobrava tanto. Me recordo bem que as diretoras nos chamavam com frequência para conversar. Era muito angustiante.
Família feliz
É claro que sempre sonhamos em ter uma família feliz, com todos morando junto, mas quando percebemos que ia terminar com um no caixão e outro na cadeia decidimos pedir a separação deles. Tínhamos certeza que, mesmo com todas as traições do meu pai, minha mãe ia continuar com ele até a morte. Não queríamos mais viver aquela situação. Ainda hoje, aos 30 anos, sinto falta de ter os dois juntos. Fico imaginando como vai ser quando eles estiverem bem velhinhos. Um numa casa, outro em outra... é estranho. Apesar disso, tenho certeza que foi a melhor decisão.
 
 
Ei, Cunhada linda e querida!!
ResponderExcluirCaramba, eu não fazia ideia de que sua vida tinha sido tão complicada na infância!
Mas, nada na vida é fácil mesmo... e família é família e a gente acaba amando independente de qualquer coisa.
Passa lá no meu blog também!
Beijão!
www.naddademais.blogspot.com
Continuo sem palavras. Parabéns!
ResponderExcluirContinuo sem palavras! Que história.
ResponderExcluirRegis
ResponderExcluirBom saber que você encontrou em textos tão bem escritos, a forma de contar um pouco de sua trajetória. Escrever também é uma terapia. Bom saber que você está ajudando pessoas que passam por isso hoje, e que vêem em você uma mulher vitoriosa, ainda que com tantas dores vividas.
MInha admiração por vc só aumenta.
Um beijo grande, Calu
Ei Regiane, você é uma guerreira assim como eu. Minha vida também é cheinha de histórias de luta e tristeza devido a uma sequela de pólio aos cincos meses de idade fui vítima. Mas hoje, também me formei em jornalismo e tenho confiança em Deus de que minha hora também vai chegar. A cada passo que dou por mim mesma, percebo que isso tudo é uma prova Divina de que nada na vida é por caso. Tenhamos FÉ. Sou sua fã, te amdiro e te desejo mais sucesso ainda. Beijão.
ResponderExcluirOi Regiane!
ResponderExcluirEstava pesquisando na web um assunto e por acaso achei o seu blog. Trabalhamos juntos por um curto período na TV Alterosa...não sei se vc lembra de mim, mas enfim...estou lendo o seu blog e confesso que fiquei ainda mais admirado com a sua história de vida: vc é uma vencedora. Não se esqueça disso nunca! Não é a toa que vc é uma pessoa simples, gentil e humana. A sua história tocou fundo na minha alma. Te admiro ainda mais!
Abraço,
http://cafecomnoticias.blogspot.com
Ei, Wander... Minha memória é um horror, mas é claro que me lembro de você. Obrigada pelo carinho... Cada um carrega uma cruz, não é mesmo!? Graças a Deus que o sofrimento não é pra vida toda. Como estão as coisas? Um abraço e até breve!
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